quinta-feira, 9 de março de 2006

Cape-Verdean minority in Portugal and the local authorities

Convegno Internazionale: L’intercultura nel pubblico impiego
Pesaro, 3-4 July 2005

Cape-Verdean minority in Portugal and the local authorities: housing and schooling policies
By Viriato de Barros


Abstract

Cape-Verdean emigration to Portugal suffered a change of status as a result of the independence: in the colonial times the Cape-Verdeans were considered Portuguese citizens who came to live in Portugal, mainly to work in the civil construction and tending to settle around the new construction sites, like Reboleira, Amadora etc., building very simple huts and living in precarious conditions, this way saving as much as they could to send some money to their families, most of them from the island of Santiago. In later stages, many of these Cape-Verdeans sent for their families and settled in areas in connection with their work. That is how poor quarters like the ones in Pedreira dos Húngaros, Marianas, Circunvalação emerged.


With the independence of Cape Verde in 1975, the Cape-Verdeans kept on emigrating, in many instances using illegal schemes. With the exception of those who remained Portuguese by right, the Cape-Verdeans now migrated to Portugal as foreign citizens, which required a different legal procedure for them to be able to live and work in Portugal.


With the increase of the number of Cape-Verdean families who settled in different neighbourhoods of Lisbon and in the suburbs, namely in Amadora, Damaia, Buraca, Cova da Moura, etc. a corresponding new generation of Cape-Verdeans emerges, whose behaviour and attitudes take a different direction from the previous generation, often in conflict both with their parental values and with the non-Cape-Verdean communities in which they are inserted. Many of these so-called second generation Cape Verdean immigrants adopted aggressive attitudes and isolated themselves inside ghetto cultures. Illegal and marginal activities such as drug dealing and youth gangs find a fertile ground in such social and economic conjunctures.

(READ MORE IN: http://www.multiculturas.com/INTI/ViriatoBarrosPesaro.pdf )

quinta-feira, 2 de março de 2006

Para Lá de Alcatraz

Romance

Excerto:

...No seu reencontro com Mindelo, David percorria as ruas da cidade a pé, ora só, ora acompanhado, atento a tudo o que o rodeava, numa redescoberta do que quinze anos antes deixara. O escritor Vitorino Nemésio, outro ilhéu, que uma vez passou por Mindelo vindo do Brasil, comparou as árvores da Rua de Lisboa, a nobre artéria da cidade, a pincéis de barba gastos pelo uso. A comparação tinha sido feita com simpatia, quase ternura. Não obstante, David lembrava-se de que a descrição não lhe tinha agradado muito na altura, por mais poética que outros leitores a tivessem achado. Mas quando desta vez olhou para aquelas árvores que enfeitavam a cidade de B.Léza, José Lopes, Roque Gonçalves, Frusoni, Djunga, Jota Monte e Manuel de Novas, não deixou de sorrir: autênticos pincéis de barba! Sim, mas quem usa esse método para se barbear, conhece o apego que se ganha àquele pincel usado, retorcido e gasto com que diariamente afagamos o rosto nesse ritual matutino.

A pouco e pouco, de ternura em ternura, sorriso em sorriso, interior, topada em topada, exterior, David foi recuperando o Mindelo que quinze anos atrás, com muita relutância, adolescente, deixara. E as grandes referências ali estavam afinal: para além da imensa baía azul, do Monte Cara e das areias douradas de Salamansa, Matiota, Lajinha, Praça Nova, Eden Park, o Liceu, o Palácio, as lojas, farmácias, botequins, canecadinhas. Até algumas daquelas chamadas figura típicas da terra; só que quinze anos mais velhas, as que sobreviveram. Mas coisas novas animavam a cidade. Prédios, Hotel Novo, Novo Cinema do Tuta, animado, alegremente ruidoso, em concorrência amigável, fraterna, com o já clássico Eden Park. Certos cafés ou bares eram verdadeiras instituições, como o Bar Estrela e o Mochin Mercone, e outros novos se intituiram. Era só acertar o passo e retomar o pé.